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março 16, 2018

Morte de uma guerreira, Marielle Presente!

Marielle Franco foi assassinada por mais um ato de violência e extermínio que corresponde ao cotidiano da população negra e lutadora no Brasil. Cotidiano, que Marielle, como militante feminista, negra, socialista e moradora da periferia conhecia bem e lutava para transformar.
Marielle nunca se calou diante das injustiças que assolam o Rio de Janeiro, denunciou a violências nas comunidades, a farsa das UPPs e, mais recentemente, a intervenção militar no estado. O crime teve repercussão internacional, nos principais jornais do mundo. Veículos de Estados Unidos, Reino Unido, Portugal, Peru, Venezuela destacaram a morte da parlamentar e sua biografia.
 
ONU
A Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil manifestou consternação com o assassinato da defensora dos direitos humanos. Em nota, a entidade diz que espera rigor na investigação do caso e breve elucidação, com responsabilização pela autoria do crime: “Marielle era um dos marcos da renovação da participação política das mulheres, diferenciando-se pelo caráter progressista em assuntos sociais no contexto da responsabilidade do Poder Legislativo local”.
 
Assassinato
Quinta vereadora mais votada da cidade do Rio em 2016 (com 46.502 votos), a ativista feminista, negra e liderança na favela da Maré, onde cresceu, Marielle Franco, foi morta a tiros no bairro do Estácio, região central, por volta das 9h da noite. Ela estava dentro de um carro acompanhada de um motorista, que também foi morto, e de uma assessora, que sobreviveu. Quatro dos nove tiros dirigidos contra a vereadora atingiram sua cabeça.

A parlamentar voltava do evento Jovens Negras Movendo as Estruturas, na Lapa, quando teve o carro emparelhado por outro veículo. Nenhum sinal de assalto, mas fortes indícios de execução.
Quatro dias antes, Marielle havia denunciado o assassinato de dois jovens e a truculência policial durante operações na Favela de Acari, na zona norte do Rio na última semana. Ela compartilhou uma publicação no Facebook e comentou que o batalhão que atua na região é conhecido como “batalhão da morte”. Escreveu: “Precisamos gritar para que todos saibam o está acontecendo em Acari nesse momento. O 41° Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro está aterrorizando e violentando moradores de Acari. Nessa semana dois jovens foram mortos e jogados em um valão. Hoje a polícia andou pelas ruas ameaçando os moradores. Acontece desde sempre e com a intervenção ficou ainda pior”.
 
Mandato
Usava o mandato para denunciar a violência policial e para cuidar dos interesses e preocupações de mulheres negras como ela. Eleita pelo PSOL, a socióloga pós-graduada em administração pública acabara de ser nomeada relatora da comissão da Câmara Municipal que deveria fiscalizar a intervenção militar na segurança do estado do Rio.

Marielle estava no primeiro mandato como parlamentar. Tinha 38 anos. Era socióloga, com mestrado em Administração Pública. Foi à luta contra a violência policial nas favelas que a aproximou da política. Foi aluna e depois assessora de Marcelo Freixo, na Assembleia Legislativa do Rio.
 
Intervenção militar
A vereadora era uma das vozes mais duras contra a intervenção militar no Rio de Janeiro, decretada por Temer. Há duas semanas, havia assumido a relatoria da Comissão da Câmara de Vereadores do Rio, criada para acompanhar a intervenção federal na segurança pública do estado.
 
Marielle, Presente!